Pastor e 11 familiares assassinados em ofensiva na Síria

Pastor e 11 familiares assassinados em ofensiva na Síria

Um pastor evangélico, sua esposa, filhos e demais parentes – 12 pessoas ao todo – foram mortos na semana passada na cidade de Suwayda, sul da Síria, durante uma incursão militar que também atingiu a minoria drusa da região.

Organizações de direitos humanos alertam para o agravamento da violência sectária no país.

Joel Veldkamp, responsável pela comunicação internacional da entidade Christian Solidarity International (CSI), relatou ao canal CBN News que tropas do governo sírio, atualmente descrito pela ONG como “islamista”, invadiram a província de Suwayda entre 14 e 18 de julho de 2025.

A região, majoritariamente habitada por druzes — grupo religioso que representa cerca de 3% da população síria —, foi submetida a saques, assassinatos e outras atrocidades.

Pastor e 11 familiares assassinados em ofensiva na Síria
Pastor e 11 familiares assassinados em ofensiva na Síria

De acordo com comunicado da CSI, “forças do governo enviaram tropas para ocupar Suwayda e, ao entrar nos centros populacionais, praticaram inúmeras atrocidades”.

Embora o alvo principal tenha sido a comunidade drusa, cristãos locais também acabaram vitimados durante a operação, incluindo o pastor Khaled Mazhar, líder da Igreja Evangélica Bom Pastor.

Escalada de violência contra minorias na Síria

Relato de violência motivada por intolerância religiosa

Veldkamp informou ter visto vídeos em que soldados gritavam “Allahu Akbar” e classificavam os druzes como “infiéis” e “porcos”.

Segundo ele, em um dos registros, militares obrigam homens druzes a saltar da varanda de um apartamento e atiram enquanto as vítimas caem.

Morte do pastor Khaled Mazhar

Segundo a CSI, Khaled Mazhar foi atacado por combatentes armados em Suwayda na mesma semana da ofensiva.

Além do pastor, morreram a esposa, os filhos e outros parentes, totalizando 12 vítimas. “Ele, a esposa, os filhos e vários familiares — 12 pessoas ao todo — foram mortos, e uma décima terceira só sobreviveu porque os agressores acharam que ela estava morta”, relatou Veldkamp.

A dinâmica exata da chacina ainda é investigada, mas a ONG acredita que os responsáveis pertençam às mesmas forças que atacaram a população drusa.

Para Veldkamp, “a violência não se restringe a uma comunidade; ela se espalha e afeta também os cristãos”.

Um dos piores episódios da guerra civil

O porta-voz da CSI classificou a semana dos ataques como “uma das piores de toda a guerra civil síria”, iniciada em 2011.

Ele destacou que, em março de 2025, a minoria alauíta — ramo do islã ao qual pertencia o ex-presidente Bashar al-Assad — também foi alvo de violência semelhante.

Contexto político: novo líder e promessas não cumpridas

O avanço contra minorias ocorre meses após a ascensão de Ahmed al-Sharaa, ex-chefe da Al-Qaeda, ao poder na Síria, sucedendo Assad.

Apesar de ter prometido tratar bem os grupos minoritários, a realidade em Suwayda demonstra discrepância entre discurso e prática.

Veldkamp afirmou que, por enquanto, ataques diretos a cristãos em grande escala estariam sendo contidos pela necessidade do novo governo de obter ajuda humanitária dos Estados Unidos e da Europa.

“Eles precisam de auxílio para manter o país funcionando. Por isso, seguram-se quanto aos cristãos, mas a vida diária já está bem mais difícil para eles”, disse.

Dinâmica das alianças e perseguição religiosa

Nos últimos anos, a guerra civil fragmentou a Síria em zonas controladas por diferentes facções. A ocupação de Suwayda por tropas governamentais representa mais uma mudança no equilíbrio de poder.

A CSI e outros organismos destacam que minorias religiosas — entre elas druzes, alauítas e cristãos — se tornaram alvos recorrentes, ora de grupos rebeldes jihadistas, ora de forças leais ao governo.

Consequências e clima de temor entre os cristãos

Para comunidades cristãs que permaneceram na Síria após anos de conflito, a morte de Khaled Mazhar ecoa como sinal de alerta.

Igrejas locais relatam aumento na insegurança e na percepção de vulnerabilidade. Veldkamp reforçou que “nossos amigos em diferentes partes do país dizem que a vida diária ficou muito mais desconfortável”.

Organizações internacionais de defesa da liberdade religiosa pedem investigação independente sobre as violações relatadas em Suwayda e a adoção de medidas para proteger civis.

Já a CSI solicita que governos ocidentais monitorem de perto o tratamento dispensado a minorias antes de liberar recursos de reconstrução para Damasco.

No caso dos druzes, líderes comunitários temem novos ataques. Para os cristãos, a preocupação é que a relativa contenção atual se dissipe caso o governo se sinta menos dependente de apoio externo.

“Esta violência não é algo que possa ser contido num único grupo”, alertou Veldkamp. “Ela tende a se espalhar.”

No encerramento da entrevista à CBN News, o representante da CSI afirmou que a ONG continuará documentando abusos e pressionando a comunidade internacional por ações concretas.

Entretanto, reconheceu que o acesso à informação é limitado e que muitos detalhes permanecem obscuros em meio à confusão do conflito sírio.

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Debora Calegari

Sou responsável pelos conteúdos do blog Jesus e a Bíblia e escrevo cada linha com entusiasmo, acima de tudo com amor ao meu trabalho.
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